ARTE AFRO-BRASILEIRA CONTEMPORÂNEA
Série documental 13 episódios 26’
Projeto aprovado pelo ProAC-ICMS nº 90.012
Uma série documental sobre o momento pujante da arte negra contemporânea. Contando com a curadoria do antropólogo e pesquisador Hélio Menezes, os programas mergulharão na obra e no processo de trabalho de 13 artistas afro-brasileiros que ao final comporão uma cartografia requintada sobre a cara da arte preta no Brasil de hoje.
A escolha dos artistas levou em consideração a diversidade de materiais (suporte), técnicas e temáticas, representatividade de gênero e representação regional.
A curadoria levou em consideração também o corte transversal de gerações, experiências e novidades no universo das artes plásticas, buscando apresentar artistas plásticos consagrados e talentos emergentes com um denominador comum: dedicam-se exclusivamente a arte e estão produzindo trabalhos de alta relevância e potência estética.
Menezes, um dos responsáveis pela mostra “Histórias Afro-Atlânticas”, realizada em 2018 no MASP e no Instituto Tomie Othake, teve como eixo da sua pesquisa de mestrado os estudos da arte negra brasileira “Entre o visível e o oculto: a construção do conceito de arte afro-brasileira”. Sua produção acadêmica revela o racismo estrutural e dissimulado da nossa sociedade que na prática invisibiliza parte da produção de qualidade dos artistas plásticos negros, o que torna a inserção e reconhecimento deles no mercado, tradicionalmente restrito e elitista, uma tarefa ainda mais árdua.
As investigações de Menezes concluem: “Embora haja inúmeros artistas afro-brasileiros, com sua variabilidade de estilos, filiações e interesses, persiste a invisibilidade.
A sub-representatividade de artistas negros nos acervos e coleções de galerias e museus, não obstante a excelência e diversidade de suas obras, revela que a cor de pele do artista é, ainda, critério camuflado da entrada de obras nos espaços de prestígio.”
Coerente à prática antirracista, o projeto será dirigido por dois profissionais negros Val Gomes - também pesquisadora e autora da ideia - e Daniel Fagundes; supervisão geral do cineasta branco Toni Venturi e produção da Olhar Imaginário. A equipe de criação contará com o roteirista negro Renato Candido de Lima e o produtor executivo branco Tiago Berti.
Assim, a série ARTE AFRO-BRASILEIRA CONTEMPORÂNEA traz para as telas conteúdos inéditos e originais sobre a riqueza das artes plásticas nacional, tanto para o público geral como para o universo convencional das artes, assim como também contribui para a diversidade cultural ao provocar uma reflexão sutil sobre uma sociedade ainda tão desigual e se revela uma ação audiovisual concreta antirracista.
AUDIOVISUAL E ARTE ANTIRACISTA
Cerca 54% da população brasileira é formada por negros e pardos. Mesmo tendo grande influência na cultura nacional, a participação social, econômica e política da população negra é pequena em relação aos brancos de origem europeia.
A grande maioria dos negros brasileiros possui baixa renda e enfrenta o preconceito no mercado de trabalho, convive com o assédio policial e constantemente faz parte do acervo de piadas em círculos sociais. Heranças culturais que a Lei Áurea de 1888 não conseguiu abolir da sociedade brasileira.
Os 388 anos de escravização de povos africanos e de seus descendentes no território brasileiro deixaram profundas marcas. O racismo estrutural enraizado em nossa formação social invisibiliza parte da contribuição que os negros deram e dão à cultura brasileira. Desta forma, quando se fala desse tributo cultural dificilmente se pensa de imediato em artes plásticas, um nicho de mercado exclusivo e majoritariamente frequentado pelos bem-nascidos.
Normalmente, vem à lembrança a música, a dança e a culinária, assim como os fenômenos a elas relacionados: os desfiles de escola de samba, o carnaval, a saborosa comida brasileira e o futebol, entre outros. No entanto, não são poucos os brasileiros negros que se dedicaram à pintura ou às artes, nem é pequeno o valor artístico de sua produção pictórica ao longo da história. Aleijadinho, por exemplo, é considerado o maior nome do barroco americano, merecendo um lugar destacado na história da arte do ocidente.
Numa sociedade estruturalmente racista como a brasileira, seguir ignorando ou secundarizando a produção de artistas afro-brasileiros, com sua variedade de estilos, influências e suportes, significa seguir não reconhecendo a própria complexidade da história da arte feita no país. Implica também em marginalizar parte significativa de sua constituição - marcada, desde a colônia - pela presença decisiva de negros entre os nomes de relevância.
A série ARTE AFRO-BRASILEIRA CONTEMPORÂNEA, produzida por criativos, equipe e profissionais negros, vem preencher essa lacuna, dar visibilidade e prestígio às produções de novos artistas, às vezes já reconhecidos nos mercados do exterior, e contribuir para a desconstrução de preconceitos sobre a diversidade artística do Brasil.
(Caetanópolis, MG, 1948) – MÚLTIPLAS LINGUAGENS
(São Paulo, SP, 1988) – PINTURA
(Jaú, SP, 1983) - FOTOGRAFIA
(Campos dos Goytacazes, RJ, 1941) – PINTURA
(São Paulo, SP, 1967) - MÚLTIPLAS LINGUAGENS
(Juatuba, MG, 1955) - MÚLTIPLAS LINGUAGENS
(Macaúbas, BA,1968) - MÚLTIPLAS LINGUAGENS
(Brasília, DF, 1982) - MÚLTIPLAS LINGUAGENS
(Natal, RN, 1991) – PERFORMANCE
(São Paulo, SP, 1983) – ESCULTURAS EM BRONZE
(Vitória, ES, 1996) – MÚLTIPLAS LINGUAGENS
(Caruaru, PE, 1977) – FOTOGRAFIA
(Santo Antônio de Jesus, BA, 1990) – MÚLTIPLAS LINGUAGENS
HÉLIO MENEZES
curadoria
HÉLIO MENEZES – CURADORIA Possui graduação em Relações Internacionais e em Ciências Sociais pela USP. É mestre e doutorando em Antropologia Social pela mesma universidade, onde atua como pesquisador do Núcleo Etno-História.
Foi coordenador internacional do Fórum Social Mundial de Belém (Brasil, 2009), Dacar (Senegal, 2011) e Túnis (Tunísia, 2013).
Ministrou os cursos, "A presença negra na arte brasileira: entre políticas de representação e espaços de representatividade" (MASP), "Artes e artistas afro-brasileiros: definições em disputa e estudos de caso" (UNIFESP), "Revisitando o conceito de arte afro-brasileira" (Pinacoteca SP), "Imagens de Brasil: arte, raça e gênero na formação da identidade nacional" (Ponto de Cultura Fazenda da Juta - Periferia Preta).
Trabalha como curador independente e tem desenvolvido reflexões sobre arte afro-brasileira, relações raciais, juventude negra, antropologia da imagem, museus, arte e ativismo.
Foi um dos curadores da exposição Histórias Afro-Atlânticas 2018 (MASP e Instituto Tomie Othake) e organizou a exposição em Chicago, "The discovery of what it means to be Brazilian", apenas com artistas afro-brasileiros em 2020 (Mariane Ibrahim Gallery).
Atualmente é curador de arte contemporânea do CCSP - Centro Cultura São Paulo.